Haddad não convence, juros e dólar disparam e bolsa cai


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, bem que tentou, mas não convenceu os investidores de que o governo tem alguma pretensão de perseguir o equilíbrio fiscal no ano que vem. Em coletiva que se iniciou com mais de uma hora de atraso, Haddad tentou passar uma mensagem de que ainda haveria possibilidade de o Executivo perseguir a meta fiscal imposta pelo próprio Planalto para o ano que vem.

Visivelmente irritado e impaciente, o ministro culpou medidas de 2017 pela arrecadação muito abaixo do esperado pela equipe econômica e disse que mantém a meta dele, no que acabou por evidenciar ainda mais o isolamento da equipe econômica. “Vou buscar minha meta estabelecida para 2024”, afirmou.

O mercado, como esperado, reagiu mal à falta de firmeza no compromisso do governo Lula com as contas públicas. A forte aversão a risco observada na sexta-feira após as declarações de Lula prosseguiu nesta segunda-feira. Desde a fala do presidente os juros futuros em vencimento intermediários subiram até 50 pontos base.

Com isso, a curva do DI elevou a precificação da Selic final em 2024 para cerca de 10,9% ao ano, contra um patamar de 10,25% a.a. no fechamento anterior à intervenção do petista.

O dólar também subiu e ultrapassou a marca de R$ 5,04, após chegar a ser negociado em R$ 4,93 horas antes das declarações. Desde a mínima na sexta-feira, a moeda americana acumula uma valorização de 2,25% contra o real, que é a moeda com a pior performance entre as divisas emergentes no período, atrás até mesmo da lira turca.

O Ibovespa, principal índice de ações do mercado nacional, recuou 1,96% nos dois dias, com apenas oitos das 86 ações que compõem o indicador em alta após os dois dias do abandono da meta fiscal. As varejistas absorveram as maiores quedas, com os preços dos papéis das empresas do setor com mais de 12% no vermelho.

Vale lembrara que essa semana ainda trará importantes reuniões de Bancos Centrais ao redor do mundo e aqui no Brasil, o que pode adicionar ainda mais volatilidade aos mercados.

O Antagonista

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